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História de Esdras

Ezrá ben Seraía, Esdras, filho de Seraías, da linhagem sacerdotal de Arão (Esdras 7.1-5), contemporâneo de Neemias, era sacerdote e escriba (mestre), possuía amplo conhecimento da Torá Lei de Moisés, dada pelo Senhor, e era praticante dela.

Esdras foi um “homem de Deus”, abençoado em todas as suas atitudes, pois o Senhor estava irrestritamente com ele (Esdras 7.6 e 10-11), cheio de fé e coragem com uma alma comprometida em ajudar as pessoas a viver de acordo com o que as Escrituras ensinam.

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Livro de Esdras

Esse livro, segundo historiadores, inicialmente formava uma só obra com Crônicas dos Reis e Neemias, como aparecem nos manuscritos hebraicos antigos. Flavio Josefo, historiador, e o próprio Talmude referem-se ao livro de Esdras, mas não a um livro de Neemias a parte. Os manuscritos da Septuaginta mais antigos igualmente apresentam Esdras e Neemias como uma só obra literária.

O primeiro a fazer a separação entre os dois livros foi o cristão e filósofo Orígenes, egípcio de Alexandria, contudo ele denominou os livros como 1º Esdras e 2º Esdras.

Os livros só foram nomeados Esdras e Neemias muito tempo depois quando as traduções em inglês realizadas por 50 eruditos das principais universidades inglesas sob a liderança do rei Tiago, ou King James. Essa mesma tradução aparece nos manuscritos hebraicos até as edições da Bíblia Hebraica de hoje desde 1448. Acredita-se que Esdras foi o autor dos dois livros.

O livro de Esdras retoma a história na altura em que o livro de 2º Crônicas termina, inclusive repetindo um decreto dado por Ciro, rei da Pérsia (hoje Irã), para que se cumprisse a Palavra de Deus anunciada por Jeremias (25.12 e 29.10), permitindo que os judeus voltassem a Jerusalém (2º Crônicas 36.22-23 e Esdras 1.1-3).

Quem foi Esdras

A história não havia sido favorável ao povo de Israel, por isso a nação estava em declínio. A Babilônia, uma superpotência militar, havia derrotado Israel deixando a cidade arruinada e levando a população para o exílio. Agora, alguns judeus, após cento e vinte e oito anos, estavam de volta a Jerusalém e tentam recomeçar tudo: uma árdua tarefa que se arrasta por décadas, mas a situação ali não era boa. Até que chegou Esdras.

A missão de Esdras

Esdras veio da Babilônia e recebeu uma missão de Artaxerxes, rei da Pérsia, na época do seu reinado, o mesmo foi enviado à Jerusalém, em 458 a.C., num segundo regresso de pessoas com um número equivalente à 1.754, no primeiro regresso o número foi equivalente a 49.897 pessoas. Entre os que acompanharam Esdras estavam alguns israelitas, sacerdotes, levitas, cantores, guardas e servidores do Templo.

A missão era verificar como estão em relação à obediência ao Ensino de Deus. Esdras e sua caravana estavam levando consigo ouro e prata provenientes de doações e utensílios, bem como, no seu decreto, o rei ordenou que todos os tesoureiros do território a oeste do Eufrates providenciassem a Esdras tudo o que ele precisasse.

Tudo o que Deus pedisse para o Templo em Jerusalém era para ser entregue sem hesitação. Esdras foi autorizado ainda a nomear magistrados e juízes naquele território para administrar a justiça a todo o povo que viva de acordo com os mandamentos de Deus e ainda que ensinasse esses mandamentos aos que não conheciam. Estava sob pena quem não obedecesse aos mandamentos.

Perto do canal Aava, Esdras proclamou um jejum, pois era hora de demonstrar humildade diante de Deus e de orar por sua santa orientação e proteção na viagem (pelas pessoas e pelo que estava transportando). Esdras cria e declarava: “O nosso Deus protege a todos os que o buscam, mas se desvia daqueles que o abandonam”.

Eles transportavam: 25 toneladas de prata, 100 utensílios de prata no valor de quase quatro toneladas de ouro, 20 tigelas de ouro de oito quilos e meio e 2 vasilhas de bronze polido, tão valioso quanto o ouro. Tudo eles tinham consagrado ao Deus Eterno. Durante a viagem, os sacerdotes e os levitas ficaram responsáveis por levar todas essas coisas até o templo em Jerusalém.

Depois de quatro dias da chegada em Jerusalém, suas cargas foram pesadas no Templo e entregues a Meremote, filho do sacerdote Urias, e Eleazar, filho de Fineias, eles estavam juntos, além dos levitas Jozabade e Noadiasi.

Tudo foi contado, pesado e registrado. E quando chegaram os exilados eles ofereceram ofertas queimadas a Deus, como segue: 12 boias, representando as tribos de Israel, 96 carneiros, 77 cordeiros, 12 cabritos como oferta de perdão.

E eles também divulgaram as ordens do rei aos administradores das províncias nomeadas no território a oeste do Eufrates e eles deram todo apoio ao povo na obra do templo de Deus.

Situação do Povo de Israel

A situação encontrada ali não era boa, pois o povo de Israel, os sacerdotes e os levitas não se separaram dos povos vizinhos, muito menos das práticas perversas e obscenas dos cananeus, dos heteus, dos ferezeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos egípcios e dos amorreus.

Eles deram suas filhas em casamento a esses povos e seus filhos se casaram com as filhas deles, portanto a linhagem santa agora esta misturada com eles, e o pior que os lideres espirituais e oficiais foram os primeiros a cometer pecados.

Esdras nesse momento jogou-se no chão desesperado, rasgando sua roupa e raspando seu cabelo, e muitos dos que estavam ali, vendo essa cena, começaram a tremer de medo do que Deus estava dizendo sobre a traição dos exilados, eles sentaram ao lado de Esdras e a tarde na hora do sacrifício, ele se levantou, erguendo as mãos a Deus, orou dizendo: “Meu Deus, estou tão envergonhado que nem consigo olhar para ti, nossos pecados são maiores que nós e nos impedem de enxergar: nossa culpa chegou até o céu.

Estamos atolados em culpa desde os tempos de nossos antepassados, por causa do nosso pecado, nós, nossos reis e sacerdotes fomos entregues a reis estrangeiros para sermos mortos, levados cativos, saqueados e envergonhados, como acontece hoje.

Agora, por um breve momento, Eterno, permitiu que alguns de nós escapassemos e pisássemos de novo nesse santo lugar. Assim, fez nossos olhos brilharem e aliviou um pouco o nosso sofrimento. Éramos escravos, mesmo assim, o nosso Deus não nos abandonou.

Ele nos fez obter favor dos reis da Pérsia e nos tem dado coragem para reconstruir o templo do nosso Deus, restaurar as ruínas e construir um muro de defesa para Judá e Jerusalém. Agora, ó Deus, depois disso tudo, o que podemos dizer? Pois desprezamos os teus mandamentos, que nos deste por meio dos profetas.

Eles nos disseram: ‘A terra que vocês vão possuir está poluída, entulhada com a perversidade do povo que vive ali. Eles a contaminaram com suas práticas abomináveis. Por isso, jamais entreguem suas filhas em casamento aos filhos daqueles povos nem deixem que as filhas deles se casem com seus filhos.

Não permitam que esses povos se sintam à vontade no meio de vocês. Não se envolvam com eles nem se tornem amigos deles, para que vocês se tornem um povo forte, ganhem bastante dinheiro e deixem um patrimônio razoável para os filhos.

Depois de tudo o que sofremos por causa dos nossos erros e da culpa que acumulamos, ainda que o castigo tenha sido muito menos que o merecido, porque tu nos livrastes da opressão, estamos outra vez quebrando os teus mandamentos: nossos filhos estão se casando com pessoas que praticam perversidades.

Não seria isso motivo para que elimines esse povo, sem deixar um único remanescente, sem dar a ninguém a chance de escapar? Tu és o Deus justo de Israel, e hoje não passamos de um pequeno bando de exilados que conseguiram sobreviver.

Olha para nós, que estamos diante de ti com toda essa culpa, mas sabemos que não vamos aguentar essa situação por muito tempo”. Todos começaram a chorar compulsivamente em volta de Esdras, quando Secanias, porta-voz do povo, declara:

“Traímos o nosso Deus, casando-nos com mulheres estrangeiras dos povos ao redor. Mas nem tudo está perdido, há esperança para Israel. Vamos fazer uma aliança, agora mesmo com o nosso Deus, vamos mandar embora todas essas mulheres e seus filhos, de acordo com o que o meu senhor e aqueles que respeitam os mandamentos de Deus estão dizendo. Agora, Esdras, levante-se! Tome a iniciativa e nós apoiaremos, e não volte atrás”.

Assim, Esdras arrancou dos sacerdotes, dos levitas e de todo Israel a promessa solene de acatar a proposta de Secanias. E eles honraram a promessa. Esdras foi para a casa de Joanã onde se hospedou e ali permaneceu em jejum.

Depois disso, foram enviados mensageiros para chamar à todo o povo para se reunir em Jerusalém. Três dias depois, numa dia chuvoso, todos estavam ali apreensivos e ansiosos por conta aquela convocação, ao que Esdras declarou: “Vocês são traidores”, valendo-se dos atos cometidos até ali.  Eles reconheceram o erro, e salvo poucas oposições, concordaram de se posicionarem e se separarem daquelas mulheres e assim estes casos foram resolvidos.

Esdras no livro de Neemias

A primeira exposição bíblica diante do povo, após 13 anos da chegada de Esdras, nós vemos no capítulo 8 de Neemias, quando todos os israelitas haviam se instalado em suas cidades, o povo se reuniu na praça em frente à Porta das Águas e pediu que ele (Esdras) trouxesse o livro da Revelação de Moisés que o Senhor tinha dado a Israel.

Ele leu o livro nessa praça e todos choravam muito enquanto ouviam as palavras da Revelação, ao que Neemias, o governador, Esdras e os levitas declararam: “Este dia é consagrado ao Eterno, o seu Deus, não chorem nem fiquem abatidos”, ao que os escribas continuavam dizendo: “Sosseguem, este dia é consagrado, não fiquem tristes”, e neste dia também eles preparam uma festa e repartiam com todos, até mesmo os que não tinham (os pobres), pois era dia consagrado a Deus.

A partir dessa data, sua pregação diária, levou todo o povo a um profundo arrependimento, capítulos 9 e 10, confissão de pecado, e reafirmação da Aliança. Tudo indica que Esdras trouxe uma cópia da Torá, o Pentateuco (cinco primeiros livros do A.T.) ou pelo menos um rolo do livro de Deuteronômio. Vemos ainda no capítulo 12 dessa carta, o Esdras liderando um grupo na dedicação dos muros de Jerusalém.

Conclusão

Não temos informações sobre o nascimento ou morte desse sacerdote e escriba, contudo podemos contemplar a sua fidelidade para com Deus e nos alegrar sabendo que Ele mesmo, o Senhor, é quem levanta os seus amados para realizar uma obra com propósito com o objetivo de atrair para Ele o que Ele mais ama: pessoas!

Espero que essa história tenha lhe inspirado a ser um “Esdras” nessa geração e que suas palavras (especialmente a sua oração “rasgada” que está na integra nesse artigo), inspiradas pelo Espírito, lhe conduza a mesma postura dia após dias a presença do Pai em arrependimento, confissão de pecados e profundo quebrantamento pelas suas causas e pelas causas dos seus irmãos.

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