Deus também diz não, Deus também responde com silêncio. Todas as orações dos santos (seu povo santificado pela graça de Deus através da ação do Espírito Santo) estão diante de Deus e não se perdem no tempo, portanto, passam épocas e estações, gerações se levantam e gerações de vão, mas todas as palavras confiadas em oração a Deus permanecem diante d’Ele para sempre (Apocalipse 5.8).
Contudo, a soberania da resposta vem do Senhor. Ele e apenas Ele sabe e se responsabiliza “pelo sim e pelo não”. Ele tem o controle de todas as coisas e vê todas as coisas, Ele sabe por que faz ou porque não faz. Mas uma coisa é certa em Deus: Ele tem um propósito para todas as coisas e apenas Ele sabe transformar cada cenário e circunstância numa situação para nos abençoar e nos aperfeiçoar conforme a Sua vontade.
Até no silêncio há uma “canção sendo entoada por Deus” para nos favorecer, mesmo que não entendamos momentaneamente. O Espírito nos revela e Se revela. Assim foi com o apóstolo Paulo, assim é comigo e assim é com você.
O Testemunho Pessoal
Indice
Posso contar um testemunho pessoal? Então, caro irmão e irmã, eu creio no poder da ressurreição que está em Deus. Ele tem o poder sobre a vida e sobre a morte. O mesmo poder que ressuscitou a Jesus (João 20.11-18). O mesmo poder que ressuscitou a Lázaro (João 11.38-44). O mesmo poder que pode ressuscitar os mortos nos nossos dias. Contudo, apesar de crer, eu nunca vi um relato de ressurreição tão significativo como os encontrados nas Sagradas Escrituras.
Assim como você eu já perdi momentaneamente para a morte pessoas do meu convívio pessoal que eu não gostaria de ter perdido e em muitos casos eu orei para que o Senhor trouxesse-os a vida novamente e cri até o último segundo, porém Deus optou por não fazer como eu queria, Ele sabe porque.
Ele poderia ter respondido com o milagre aos nossos olhos? Sim, poderia! Eu continuo crendo que Ele pode fazer? Sim, sem sombra de dúvidas. Porém qual foi à resposta que Ele deu diante dessa “recusa de fazer o milagre que eu estava pedindo”? A resposta foi: a minha graça de basta!
Graça e Poder para passar por esses momentos tão difíceis, continuar a carreira que para mim ainda não está completa e persistir crendo acima de qualquer circunstância. É essa graça que não nos deixa desistir e nos faz, ainda que não vendo, continuar crendo absolutamente que Ele tem e Nele está todo o poder. Assim foi com o apóstolo Paulo, assim é comigo e assim é com você.
O Testemunho de Paulo
O capítulo 12 de 1ª Coríntios começa dizendo assim: “Considerando, pois, ser necessário que vos exponha minhas glórias, embora não me seja vantajoso orgulhar-me, passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado ao terceiro céu.
Se foi no corpo ou fora do corpo, não entendo exatamente, Deus o sabe”. E continua dizendo: “Foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inexprimíveis, as quais não é concedido ao homem comentar. Nesse homem me orgulharei, mas não em mim mesmo, a não ser em minhas próprias fraquezas.
Ainda que eu decidisse gloriar-me não seria, de fato, insensato, porquanto estaria narrando verdades. Contudo, evito falar sobre isso para que ninguém pense a meu respeito mais do que seja capaz de observar em minha vida ou de mim pode ouvir. E, para impedir que eu me tornasse arrogante por causa da grandeza dessas revelações, foi-me colocado um espinho na carne”.
Paulo estava se referindo sobre ele mesmo e sobre sua experiência pessoal de arrebatamento as mais elevadas alturas que havia acontecido há catorze anos passados, quando ele ainda estava em Tarso.
A forma dele se referir indica que ele não se considerava merecedor de tamanho privilégio de contemplar o que observou da parte do Senhor.
Paulo tem a certeza de sua experiência arrebatadora e o quanto isso implicaria na sua jornada cristã, entretanto, para que não se esquecesse de sua natureza humana, de onde ele veio e por quem estava onde estava. foi –lhe colocado uma aflição dolorosa permanente.
Muitas vezes isso precisa acontecer com a gente também, Deus nos usa e a gente “começa a se achar” pensando inutilmente que foi algo das nossas próprias mãos. Não podemos nos esquecer que tudo vem d’Ele e é para Ele.
Paulo e o Espinho na Carne
Em 2ª Coríntios 12.7 diz assim: “E, para impedir que eu me tornasse arrogante por causa da grandeza dessas revelações, foi-me colocado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás para me atormentar”. O que era esse “espinho na carne” que Paulo estava se referindo?
Há muitas hipóteses para tentar entender o que o apóstolo estava se referindo quando disse “espinho na carne” que lhe afligia e o atormentava e o fazia sentir-se com dor, fraco e humilhado.
Para Lutero, se tratava das constantes perseguições espirituais com violência emocional e física das quais o apóstolo era vitima (Atos 14.19). Para alguns teólogos se tratava de uma enfermidade física, tendo em vista que o apóstolo padeceu de algumas enfermidades em seu corpo (Gálatas 4.13), por exemplo, de malária. Outros estudiosos cogitam ainda ser uma tentação e desejo pecaminoso que o apóstolo na sua natureza humana poderia ter que lidar constantemente e assim não se achasse o “Super-Paulo”.
Paulo, a minha graça de basta!
Assim como Jesus no Getsêmani clamou para que o Pai passasse d’Ele o cálice que Ele estava experimentando e que só aumentaria nas horas seguintes (Lucas 22.42), o apóstolo Paulo também clamou, por três vezes, para que o Senhor removesse esse espinho que o afligia (2ª Coríntios 12.8), contudo a resposta que Ele recebe é: “A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na sua fraqueza” (2ª Coríntios 12.9). Deus nesse instante respondeu a oração de Paulo com um sonoro “não” ao que ele estava pedindo, mas com um sonoro “sim” para os propósitos do Eterno.
Como se dizendo: “Não Paulo, eu não vou remover essa dor de você”. Porém, assim como Ele nunca fez e nunca fará, Deus não o desamparou e preferiu cobrir o sofrimento do apóstolo com Graça e Poder. Graça para continuar amando e persistindo na missão.
É assim que Deus, quando deseja, nos abençoa nessa terra também, não destruindo o nosso sofrimento, mas usando Dele para nos aperfeiçoar n’Ele e gerar em nós dependência d’Ele, fé inabalável (aquela que não se vê, mas crê sem variações de dúvidas), crescimento espiritual e intimidade (tão importante) e testemunho da sua graça e amor imutavelmente fiel.
O apostolo aprendeu a desfrutar de Deus em meio ao sofrimento, isso é graça! O apostolo, em meio ao sofrimento, continuou oferendo o que Ele tinha de melhor no Senhor e do Senhor, isso é graça! Onde estão os “Paulo” dessa geração que dizem: “Por esse motivo, por amor de Cristo, posso ser feliz nas fraquezas, nas ofensas, nas necessidades, nas perseguições, nas angustias. Porquanto, quando estou enfraquecido é que sou forte!” (2ª Coríntios 12.10). Sua glória está em permanecer na gloria de Deus.
Desafio Final
Existe uma música nos nossos dias composta e cantada por Delino Marçal que diz assim:
“Minha fé não está firmada nas coisas que podes fazer, eu aprendi a Te adorar pelo que és, d’Ele vem o sim e o amém, somente d’Ele e mais ninguém, A Deus seja o louvor! Se Deus fizer, Ele é Deus; Se não fizer, Ele é Deus; Se a porta abrir, Ele é Deus; mas se fechar continua sendo Deus; Se a doença vier, Ele é Deus; Se curado eu for, Ele é Deus; Se tudo der certo, Ele é Deus; Mas se não der, continua sendo Deus; Eu não O adoro pelo que Ele faz, Eu O adoro pelo que Ele é, haja o que houver, sempre será Deus”.
Sendo assim, não estamos com Ele simplesmente pelo que Ele pode fazer, mas sim por quem Ele É. Com Ele e n’Ele nós aprendemos mais sobre amor e graça. Em nossas fraquezas seu poder é aperfeiçoado. Somos filhos e Pai quer o nosso bem, por isso às vezes nos responde dessa maneira. Ele sabe o que é melhor para nós. Que Ele continue nos ensinando e nos aperfeiçoando conforme a sua boa vontade.